segunda-feira, 19 de julho de 2010



Ela não reconheceu a voz ao telefone, ao seu ouvido, ou pelo menos quis acreditar que não. Até que ouviu o nome, tão desejado, aquele nome que parece furacão em país pobre, faz um estrago danado. Até que ouviu a notícia "vou aí te ver", pareceu alucinação, sonho, loucura ! Como podia depois de 71 dias aquela voz, dolorosa de se ouvir, dar noticia precisa e satisfatória? A surpresa não foi realmente esta, foi ser simplismente o que ela quis a tanto tempo vir assim, do nada. Achou logo que não merecia. Parou pra lembrar se tinha feito caridade, se tinha ajudado idoso ou mendigo, reviu suas contas com Deus, e viu que estava realmente em falta. Não, não merecia. A voz travou, faltou ar e sentido. E as pontas dos dedos das mãos e dos pés esfriaram, aaah, o maldito esfriamento que sempre entrega o jogo. Entrou em desespero, deixou de lado a farça do "tou nem aí" e correu ao celular, correu as amigas, ligou, mandou mensagem, suplicou por ajuda. Logo num dia sem Luz nem Água.
Parou, olhou a cena absurda e deu ordem para seu corpo se acalmar. Sentou-se então no sofá da sala da visitas, se fosse para a porta ia dar muita bandeira, então pegou seu livro de romance preferido, e poe-se a ler. O Azar foi o capítulo escolhido: "O Fim". Os pensamentos voaram, pensando em possibilidades de dá tudo errado. Acordou, viu que estava lendo o mesmo parágrafo há mais de 10 minutos. E desistiu. Viu que era muito improvável que ele vinhesse.
Sofreu e Aliviou. Lenvantou, deu uma volta. Olhou pela janela. Sofreu e Aliviou. Passou mais tempo. Sofreu e Aliviou. As borboletas dando festa no estômago, e percebendo que realmente ele não viria. Sofreu e Aliviou. O sol ja dava lugar a lua, e DESISTIU. Desistiu de esperar. Pelo menos naquele dia sim. Noticias que é bom, nada.
E foi dormir, com o consolo de pensar: "foi melhor assim"!


...Quis tanto ter você, depois silêncio. Mas nessa tarde estranha só vem tua falta à tona, e eu desamarro um pranto tão antigo…Desculpa essas palavras com cara de choro: mas ainda há reticências... Ainda há você em mim.

(Marla de Queiroz)

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